Comunicado para o 8 de Março

A propósito da Paralização/Greve Internacional de Mulheres do 8M, a COMISSÃO DE MULHERES da Plataforma de Solidariedade com os Povos do Curdistão, também não se cala.

Somos um grupo de mulheres que se une em solidariedade às Mulheres do Curdistão, inspiradas pela sua própria luta contra o sistema dominante de expressão machista/capitalista/imperialista. Os movimentos feministas curdos têm um papel central em toda a revolução social que se desenvolve em torno da proposta curda libertária do confederalismo democrático, uma proposta que coloca a liberdade de género e o ecologismo no seu centro. Num interessante e complexo sistema de organizações que vão desde o plano ideológico, político, cultural, social, económico e de autodefesa legítima, incluindo a expressão da juventude, que se organiza igualmente em lógica confederalista, para dar voz a todas as mulheres nos diversos campos de luta, estes movimentos lutam contra as formas físicas e estruturais através das quais se manifesta a violência contra as mulheres(violações, circuncisões, lapidações (apedrejamentos), execuções,etc.).
Face à situação actual de conflito existente nos territórios curdos, que afecta de maneira especialmente violenta e feroz as Mulheres curdas e do Médio Oriente, juntamo-nos e organizamo-nos como forma de apoiar as suas lutas, desde uma perspectiva feminista. Esta ligação remete-nos e inspira-nos também para tomarmos parte activa na nossa própria pesquisa e desconstrução das diversas expressões do patriarcado na realidade que vivemos, a partir dos nossos corpos e dos nossos espaços, e da intervenção sobre as mesmas a partir de perspectivas feministas próprias e próximas. Perceber e reflectir sobre a nossa condição, a condição de ser mulher num território designado como “Portugal”, reconhecendo a fundo as raízes da construção do machismo e do patriarcado capitalista neste país, expressão dos diversos colonialismos que ainda hoje vivemos. A nossa solidariedade e procura de espaços de discussão estende-se e procura ligar-se às companheiras de todo o mundo que cá vivem e aos diferentes feminismos, numa procura de construir soluções colectivas.
A Comissão de Mulheres da Plataforma de Solidariedade com os Povos do Curdistão está com todas as mulheres que levantam a voz contra o sistema que nos tenta silenciar e tornar invisíveis as várias formas de dominação a que estamos submetidas! Não nos Calamos! Um mundo livre e igual só pode nascer da libertação de todas as mulheres, tal como o vemos nascer pelas mãos das companheiras que estão na frente da revolução social curda.

“Cada mulher livre é um território livre” (Comunicado do YPJ sobre o 8 Março)

JIN JÎYAN AZADI
A MULHER, A VIDA, A LIBERDADE

8 de Março de 2017